May 212011
  
DUSICA NIKOLIC DANN

DUSICA NIKOLIC DANN

 

Poesías do livro:

 

Outro Modo de Tristeza / ANOTHER WAY OF SADNESS, Editorial Alfalfa – 2010

 

Português, English, Romana

 

Mariposas

Na morgue, jazem mariposas mortas.

Os seus olhos pretos e abertos.

Enterrarei-as nas caixas de seda fina.

Eram as minhas mariposas, há algúm tempo atrás

E habitavam nos meus pulmões.

Totalmente sozinha

Estou indiferente à minha dôr.

Fora de mim,

Flota como esfera

Quase perfeita

Aí, aonde batem asas mortas,

Debaixo da alma.

Pássaros nocturnos

Com unhas de obsidiana…

E ouvia-se como crescia a planta

Que curraria

O meu coração desgarrado.

*

As esperanças

Doentes os presságios

Acabada a esperança.

Sem importar agora o fasto e o brilho,

Sinos surgidos da minha almohada verde.

Vazios os dedos.

Somente nos pôres-de-sol

Repite-se

Um tremor amoroso.

E ainda sem tacto,

Todo faz-mo recordar.

*

O Gravado

Em alguma parte, no fim do mundo,

Os olhos grandes de um rapaz solitario

Flotam por entre as plumas.

Indiferente frente à uma porta: um cão pequeno.

Dormo debaixo do canal gélido

A noite acaricia-me com a sua mão assustadora.

Os cavaleiros no horizonte metálico.

As torres de Turgun sobre a colina

Apagaram as velas nas suas janelas.

O vento folheia um libro antiguo,

Sonho com letras estranhas.

Os santos descalzos andam sem voz,

As auréolas tras deles como cadeia flotante.

Um raio parte o céu em pedaços para alguiém

Sozinha.

Estou a dormir ao lado da pared de pedra.

Dentro de mim, acristalado, o silêncio.

*


Butterflies

In the morgue dead butterflies are lying.

Their eyes, black and open.

I will bury them in boxes of fine silk.

They were my butterflies, some time ago,

And they used to live inside my lungs.

Completely alone,

I am indifferent to my pain.

Outside myself,

It is floating like an almost perfect sphere.

There, where dead wings are beating,

Underneath the soul.

Nocturnal birds

With obsidian nails…

And one could hear the growing of the plant

That would cure

My broken heart.

*

The Hopes

Ill misgivings

Finished hope.

The opulence and the brightness are of no use now.

Bells coming from my green pillow.

Empty fingers.

Only at dusk

A tender trembling keeps on repeating itself.

Still without a touch

Everything reminds me of it.

*

The Engraving

Somewhere, towards the end of the world,

The big eyes of a lonely boy

Are floating between feathers.

Indifferent, in front of a door: a little dog.

I am sleeping below the frozen canal

The night is caressing me with its terrifying hand.

Horsemen in the metallic horizon.

The Towers of Turgun on top of a hill

Are putting out the candles of their windows.

The wind is browsing through an old book,

I dream of strange letters.

Bare-footed saints are walking without a voice,

The halos behind them like floating chains.

A ray breaks the sky into pieces for someone

Alone.

I am sleeping beside the stone wall.

Within me, crystal-like, the silence.

*


Fluturi

La morga, zac fluturi morti

Ochii lor sunt negri si deschisi.

Ii voi ingropa in cutii de matase fina.

Erau fluturii mei, odinioara

Si locuiau in plamanii mei.

Complet singura

Sunt indiferenta la durerea mea.

In afara mea,

Pluteste ca o sfera

Aproape perfecta

Acolo, unde se zbat aripi moarte

Sub suflet.

Pasari nocturne

Cu unghii de obsidiana…

Si se auzea crescand planta

Care imi va vindeca

Inima zdrobita

*

Sperantele

Presentimente bolnave

Speranta sfarsita.

Fara sa mai aiba importanta fastul si stralucirea,

Clopotei veniti din perna mea verde.

Degete goale.

Doar la asfintituri

Se repete

Un tremurat tandru.

Si inca fara vreo atingere

Totul mi-l aduce aminte.

*

Gravura

Undeva, catre sfarsitul lumii,

Ochii mari ai unui baiat singuratic

Plutesc printre pene

Indiferent in fata unei porti: un catel

Dorm sub canalul inghetat.

Noaptea ma mangaie cu mana sa ingrozitoare.

Calareti in orizontul metalic.

Turnurile din Turgun in varful colinei

Isi sting lumanarile din geamuri

Vantul rasfoieste o carte veche.

Visez litere ciudate

Sfinti desculti umbla fara voce

Cu aurelolele dupa ei ca niste lanturi plutitoare

Un fulger imparte cerul in bucati pentru cineva.

Singura.

Dorm langa peretele de piatra.

Inauntrul meu, cristalina, tacerea