DUSICA NIKOLIC DANN
Poesías do livro:
Outro Modo de Tristeza / ANOTHER WAY OF SADNESS, Editorial Alfalfa – 2010
Português, English, Romana
Mariposas
Na morgue, jazem mariposas mortas.
Os seus olhos pretos e abertos.
Enterrarei-as nas caixas de seda fina.
Eram as minhas mariposas, há algúm tempo atrás
E habitavam nos meus pulmões.
Totalmente sozinha
Estou indiferente à minha dôr.
Fora de mim,
Flota como esfera
Quase perfeita
Aí, aonde batem asas mortas,
Debaixo da alma.
Pássaros nocturnos
Com unhas de obsidiana…
E ouvia-se como crescia a planta
Que curraria
O meu coração desgarrado.
*
As esperanças
Doentes os presságios
Acabada a esperança.
Sem importar agora o fasto e o brilho,
Sinos surgidos da minha almohada verde.
Vazios os dedos.
Somente nos pôres-de-sol
Repite-se
Um tremor amoroso.
E ainda sem tacto,
Todo faz-mo recordar.
*
O Gravado
Em alguma parte, no fim do mundo,
Os olhos grandes de um rapaz solitario
Flotam por entre as plumas.
Indiferente frente à uma porta: um cão pequeno.
Dormo debaixo do canal gélido
A noite acaricia-me com a sua mão assustadora.
Os cavaleiros no horizonte metálico.
As torres de Turgun sobre a colina
Apagaram as velas nas suas janelas.
O vento folheia um libro antiguo,
Sonho com letras estranhas.
Os santos descalzos andam sem voz,
As auréolas tras deles como cadeia flotante.
Um raio parte o céu em pedaços para alguiém
Sozinha.
Estou a dormir ao lado da pared de pedra.
Dentro de mim, acristalado, o silêncio.
*
Butterflies
In the morgue dead butterflies are lying.
Their eyes, black and open.
I will bury them in boxes of fine silk.
They were my butterflies, some time ago,
And they used to live inside my lungs.
Completely alone,
I am indifferent to my pain.
Outside myself,
It is floating like an almost perfect sphere.
There, where dead wings are beating,
Underneath the soul.
Nocturnal birds
With obsidian nails…
And one could hear the growing of the plant
That would cure
My broken heart.
*
The Hopes
Ill misgivings
Finished hope.
The opulence and the brightness are of no use now.
Bells coming from my green pillow.
Empty fingers.
Only at dusk
A tender trembling keeps on repeating itself.
Still without a touch
Everything reminds me of it.
*
The Engraving
Somewhere, towards the end of the world,
The big eyes of a lonely boy
Are floating between feathers.
Indifferent, in front of a door: a little dog.
I am sleeping below the frozen canal
The night is caressing me with its terrifying hand.
Horsemen in the metallic horizon.
The Towers of Turgun on top of a hill
Are putting out the candles of their windows.
The wind is browsing through an old book,
I dream of strange letters.
Bare-footed saints are walking without a voice,
The halos behind them like floating chains.
A ray breaks the sky into pieces for someone
Alone.
I am sleeping beside the stone wall.
Within me, crystal-like, the silence.
*
Fluturi
La morga, zac fluturi morti
Ochii lor sunt negri si deschisi.
Ii voi ingropa in cutii de matase fina.
Erau fluturii mei, odinioara
Si locuiau in plamanii mei.
Complet singura
Sunt indiferenta la durerea mea.
In afara mea,
Pluteste ca o sfera
Aproape perfecta
Acolo, unde se zbat aripi moarte
Sub suflet.
Pasari nocturne
Cu unghii de obsidiana…
Si se auzea crescand planta
Care imi va vindeca
Inima zdrobita
*
Sperantele
Presentimente bolnave
Speranta sfarsita.
Fara sa mai aiba importanta fastul si stralucirea,
Clopotei veniti din perna mea verde.
Degete goale.
Doar la asfintituri
Se repete
Un tremurat tandru.
Si inca fara vreo atingere
Totul mi-l aduce aminte.
*
Gravura
Undeva, catre sfarsitul lumii,
Ochii mari ai unui baiat singuratic
Plutesc printre pene
Indiferent in fata unei porti: un catel
Dorm sub canalul inghetat.
Noaptea ma mangaie cu mana sa ingrozitoare.
Calareti in orizontul metalic.
Turnurile din Turgun in varful colinei
Isi sting lumanarile din geamuri
Vantul rasfoieste o carte veche.
Visez litere ciudate
Sfinti desculti umbla fara voce
Cu aurelolele dupa ei ca niste lanturi plutitoare
Un fulger imparte cerul in bucati pentru cineva.
Singura.
Dorm langa peretele de piatra.
Inauntrul meu, cristalina, tacerea